04 outubro 2013

Palavras o vento leva...

"Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."_ Fernando Pessoa
Se você pudesse dizer tudo o que pensa a alguém você diria? Me peguei com essa dúvida e decidi arriscar. Eu diria. Diria tudo o que penso, diria tudo o que sinto. Diria a você o que incomoda o que dói, o que magoa. Sei que sou fraca e pouco corajosa de escrever uma carta e mandar pra você. Mas mesmo que eu assim fizesse pra onde eu mandaria? Você é um rosto que atormenta meus sonhos e me deixa com a sensação de desmoronamento. Não pelas razões que você decidiu achar que são. Mas por minhas razões. Você é uma presença constante e irritante em minha vida. Por mais que eu faça e eu tente retirar, você está lá e isso parece gritar: "você não vai se livrar de mim", confuso...
Tudo sobre você desde o começo foi confuso. O modo como eu te vi. O modo como eu assimilei quem você era. Você sonha a vida inteira com um rosto e não espera que ele apareça na esquina.
O problema é que você não apareceu na esquina, apareceu em uma galáxia de distância. Mundos completamente opostos. Devo correr do MIB, posso ser presa por estar na galaxia errada ilegalmente. Não... não corro esse risco. Existe tanta gente por aí, e tinha que ser você? Ahh muito errado. E o engraçado é que você não quis minha amizade. Você tem medo de que? Acho que você tem medo de mim. Me lembra uma parte de uma música que diz assim: "Te vejo errando e isso não é pecado, exceto quando faz outra pessoa sangrar..."
Mas você nunca se importou realmente se alguém está ou não magoado, pelo que eu sei. Parei de escutar as músicas erradas. Qualquer coisa que meramente faz referência a algo que te lembre eu evito. Isso inclui filmes, livros e músicas (principalmente músicas). Mas aí eu evito, evito e acabo voltando a te ver. Então eu xingo, grito mas nada, nenhuma atitude que eu tome faz eu me livrar realmente da sua presença. É irritante e as vezes acho que te odeio por isso. Mas não consigo te odiar.
Esse é o conflito. Eu quero te odiar e não consigo.
Bem, aqui está. Eu desabafei. Não sei o que você faria com tais informações se você pudesse ler isso. Mas acho que você riria de mim e me chamaria de idiota. Bem típico de você fazer isso. Porque cheguei a conclusão que, pra você não querer nem minha amizade significa que se você não me odeia, pelo menos me detesta. O que eu fiz? Existi? Complexo. Eu te desafiaria a me decifrar pois estou certa que você não pode. E sim. Você tem medo de fazê-lo e descobrir que eu sou mais do que seu olho pode ver. Eu te desafiaria a encarar a mim uma vez ao menos. Porque estou certa que você nunca fez. Você acha que sabe, mas a verdade é que te assusta eu saber coisas que acho, você não diria nem mesmo pra você. Estou andando lentamente na direção contrária a você. Eu me deparo as vezes com sua pessoa ainda assim, mesmo sabendo que você também está caminhando em outra direção. Só que eu sou mais sutil, eu não deixo rastros. Eu não quero que você me veja. A minha única pergunta a você se você pudesse ler o que estou escrevendo seria: "você pensa em mim as vezes?" Sei que seu orgulho faria você me responder não, independente de ser a resposta verdadeira ou não. E por isso, me corrói essa dúvida. Dúvida da qual eu jamais terei a resposta, como eu disse, mesmo que você estivesse lendo isso você não responderia. Por medo da resposta, por medo de mim e de me encarar. Ahhh mas palavras o vento leva. Já a escrita perpetua pra posteridade. Talvez daqui a trinta anos (se eu viver até lá) eu tenha a coragem necessária pra te enviar isso que eu acabei de escrever. Meu medo não é da resposta que eu obterei, mas da possivel e provável indiferença que virá. Ao contrário de você eu não temo viver intensamente. Eu não temo que de sua boca saia um "eu te odeio" eu sei lidar com isso. Já a não resposta proveniente do seu medo de mim me magoa intensamente. Não irei me despedir. Você não teve coragem de dedicar uma palavra de despedida a mim. Eu sabia porque você estava indo, eu pedi pra você ir. Mas você poderia ter dito adeus. Eu não iria dizer pra você não ir. Mas sempre que não se diz adeus a alguém sempre tem aquela sensação de volta. Não voltará. Eu não quero que volte. Minha sanidade fica comprometida. Mas vou dedicar a você a mesma consideração de você por mim. Não direi adeus. Se você quiser você pode passar pra conversar. Sem promessas de futuro. Eu já quebrei meu orgulho por demais fazendo isso por você. Gostaria que as vezes você passasse pra me dizer oi. Mas você está rodeado de amigos agora e não precisa falar comigo mais. Mesmo assim se você passasse às vezes seria legal. Me faria sentir melhor. Como eu disse tudo sobre você é tão confuso. E eu continuo aqui tentando entender. Caminhando na direção contrária. Mas acho que se você pudesse ler, você entenderia. Eu te desafio...
"Você está saindo da minha vida... E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícias..."
Mas ainda assim eu digo que essa é a música:
"Ás vezes se eu me distraio, se eu não me vigio um instante, me transporto pra perto de você..."

2 comentários:

  1. É, Aline, muitas pessoas se sentem assim e não conseguem se expressar tão bem quanto você... Algumas pessoas são mesmo bem esquisitas, infelizmente não podemos entrar na mente do outro e saber o que ele(a) está pensando... O medo paralisa, principalmente o medo do desconhecido... Espero que esse medo se desfaça um dia...

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    1. Pois é, a Aline tem este dom, o dom de colocar as palavras certas e expressar os sentimentos de vários.
      Obrigada por passar e conferir nosso post, fico muito feliz de saber que o texto dela está agradando geral. Bjs

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