29 novembro 2012

Encontro Inesperado - Capitulo VI



- Linda. O que você está fazendo... e vi as palavras morrerem na boca dele ao olhar para meu ventre. Minhas mãos estavam apoiadas calmamente sobre o ventre, já volumoso, e isto chamou mais a atenção dele.

- Linda. Como assim? O que você tem pra me dizer? O que você faz aqui? Não podia ter enviado um e-mail?

- Oi Alessandro, estou indo ver uma loja de roupas aqui perto. E por que deveria te procurar? O que eu teria pra te dizer? Nossa depois de tanto tempo, te encontro assim na rua ao acaso e você faz estas perguntas... Que coisa mais estranha. Menti descarada e rapidamente, tudo para esconder a ferida que as palavras dele causaram.

- Desculpe, somente é que me assustei ao te ver grávida. Não esperava por isto. E, pensei que...

- Pois pensou errado senhor sabidão! Sua conta desta vez não vai ser fechada, certa. Ok? Desculpe, mas estou mesmo com pressa, ainda tenho muito o que fazer. Mas foi bom reencontrá-lo e saber que está bem.

Sem dar nenhuma outra oportunidade a ele, sai e andei o mais rápido possível, nem prestei atenção que estava indo pro caminho errado e somente me dei conta disto quando me vi muito longe do meu trajeto. E muito menos vi os olhos tristes que me seguiram pela multidão...

Andava e lamuriava. A atitude dele foi tão desprezível, que gelou meu coração. Sentei a mesa de um café e por lá fiquei horas a fio pensando e meditando no encontro inesperado que tivemos. Mais decidida fiquei a não contar a ninguém quem era o pai de Sophia.

Assim, cai no trabalho e não me permiti a pensar em Alessandro. Quando chegava hora de dormir estava tão exausta física e emocionalmente que deitava e desmaiava. Entrei num ciclo virtuoso para não mais pensar nele e na dor que o olhar dele me causou naquele dia.

Faltando 3 semanas para completar 9 meses de gestação, cuidando da produção de um mega show, cai da escada no palco. Imediatamente senti uma fisgada horrível e a bolsa se rompeu.

Foi um corre-corre, ninguém esperava por isto, muito menos eu. Mas tudo correu bem e a minha linda Sophia nasceu no dia 03 de setembro. Linda, loirinha e com os olhos do pai  - extremamente azuis.

Cada gesto, cada ato, cada palavra dela me leva a crer que eu nasci para ser mãe! Não havia madrugadas perdidas, não havia choro desnecessário, tudo era motivo de gratidão e beleza pra mim.

As primeiras semanas foram complicadas, pois era marinheira de primeira viagem, tive a oportunidade de contar com a presença de minha mãe ao meu lado nestes dias e aos poucos fui aprendendo a lidar com aquele ser tão lindo.

Admirada, me via fazendo festa com cada nova descoberta: a primeira palavra, o gatinhar pela casa, a bagunça que era capaz de fazer (e como um ser tão pequeno consegue fazer tanta bagunça?), os primeiros passos, o primeiro dia na escolinha, onde eu chorei horrores e ela ficou rindo e dando tchau pra mim.

Os anos foram passando, não tinha mais tempo em pensar em novos relacionamentos, minha vida se resumiu a trabalho e a Sophia. Às vezes no cair da noite, quando a casa entrava no silêncio, e restava apenas eu, me punha a recordar aquele dia tão especial ao lado de Alessandro.

Uma ou outra vez o via a distância, ou em alguma notícia do jornal, mas nunca mais o procurei. Sentia orgulho ferido pela atitude dele naquela época, sentia falta do cara que me deu  o mundo de presente em uma única noite – e que ele nem sabia.

Fiz questão absoluta de não contar a ninguém quem era o pai da Sophia, nem mesmo Ana sabia, apesar das inúmeras perguntas e indiretas que dela recebi, sempre mantive minha boca fechada quanto a este assunto. Há coisas que a gente guarda sob sete chaves. Eu pretendia fazer isto com esta informação.

Já tinha traçado o plano de como contar a Sophia sobre o pai quando chegasse o melhor momento: “Seu pai foi um cara que eu conheci, um cara que passou pela minha vida tão rápido e que perdi o contato com ele. O nome dele era Alessandro (não precisaria dizer o sobrenome) e não o vejo desde que nos separamos na noite em que você foi concebida.”

Seria fria, direta, objetiva e não permitiria maiores questionamentos. 

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