11 outubro 2012

As Crônicas de Ana - Parte 2

O Poema


Isso tudo me deixou extremamente nervosa. Presa em um hábito antigo, peguei um caderno de anotações, uma caneta e comecei a rabiscar algumas linhas. Era isso que fazia nos momentos de tensão e foi daí que criei as minhas mais lindas canções, num passado que queria esquecer. Nunca racionalizei muito, sempre escrevi o que a alma sussurrava, mas as idéias não fluíam, as palavras pareciam se esconder. Escrevia, rabiscava. Pensava. As palavras faltavam. Liguei o radio, estava tocando uma canção melancólica. Ao prestar atenção na letra, não consegui conter as lagrimas e chorei... Os primeiros versos começaram a surgir, minha mão estava trêmula:

Na noite fria minha alma chorou
Desprezo sentiu
Quem sou afinal?
Chove lá fora
E aqui dentro chove solidão em mim


Peguei meu violão, cantarolei canções antigas, queria que o tempo passasse depressa, mas ele insistia em se arrastar, torturando-me. Pensei em desistir uma ou duas vezes de ir ao encontro. Tive medo, curiosidade, pavor e varias sensações que se misturavam e me confundiam. Mas uma vez que já tinha decidido que iria, não podia voltar atrás.



A Roupa


Parecia meu primeiro encontro, não sabia o que vestir naquela ocasião. Com os meus 23 anos, havia tempos que não sentia essa ‘coisa’ tão adolescente. Minhas mãos suavam e eu podia sentir o coração super acelerado.
Corri para o banheiro, liguei a torneira e enquanto a água caia dentro da banheira observava meu rosto no espelho. Seja lá quem fosse o meu admirador secreto eu queria estar bonita, mesmo se fosse um psicopata louco e me matasse, gostaria de sair bonita nas manchetes dos principais jornais. A água quase transbordou enquanto me perdia em pensamentos. Encostei a cabeça confortavelmente na parede com o corpo imerso na água e me permiti relaxar um pouco, visto que nada adiantaria tanto desespero.
Vesti quase todas as roupas do guarda-roupa e parecia que nada combinava naquela ocasião. Fiquei com raiva de mim por não ter nada adequado para usar e novamente pensei em desistir do encontro. Foi quando o interfone tocou. O porteiro disse que um entregador havia deixado uma encomenda, na recepção. O embrulho era lindo, numa caixa graciosa e bem trabalhada com um bilhete com o meu nome. Não havia assinaturas, assim como os outros bilhetes totalmente anônimos.
Abri cuidadosamente, com certo receio e meus olhos vislumbraram um lindo vestido preto de cetim, com um laço na parte lateral que o deixava único e moderno. Seja lá quem o tivesse comprado parecia adivinhar o que eu queria vestir naquela noite. O vestido era perfeito, encaixou em meu corpo como uma luva, apertadinho do busto até a cintura, ficando mais largo nos quadris. Deixava-me totalmente sensual. 







Se você perdeu a primeira parte da história:

 

Um comentário:

  1. Esta Ana vai me matar de ansiedade... doída pra saber a continuação... Vamos, vamos Jessica, prepare a continuação da história. hehehehehe!

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